Tragédia da boate Kiss completa um mês e Santa Maria homenageia mortos
Manifestações se espalham pela cidade gaúcha desde o início da manhã; Incêndio na casa noturna durante um show deixou 239 mortos
27 de fevereiro de 2013 | 12h 11
No centro, centenas de pessoas se concentraram na praça Saldanha Marinho
e na rua dos Andradas, diante da casa noturna, e por vários minutos
aplaudiram as vítimas. Quem não estava na rua, fez o mesmo da janela das
casas. Os motoristas acompanharam acionando a buzina de seus
automóveis. Ao mesmo tempo, as igrejas tocaram seus sinos. As homenagens
prosseguem durante o dia com uma caminhada pelas ruas. À noite haverá
uma missa na Basílica da Medianeira.
(...)
Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no
escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a
fumaça, várias morreram perto do banheiro. Na rua estreita, o escoamento
do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes
externas da boate para aumentar a passagem. Mas, ao tentarem entrar,
tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às pessoas que
ainda estavam agonizando. Muitos celulares tocavam ao mesmo tempo - eram
pais e amigos em busca de informações.
Minuto de silêncio foi substituído por barulho no RS
27 de fevereiro de 2013 | 19h 38
Os 239 mortos no incêndio da boate Kiss foram homenageados em
diversas manifestações e cultos religiosos nesta quarta-feira, quando a
tragédia completou um mês, em Santa Maria (RS). A pedido da Associação
dos Pais e Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa
Maria (AVTSM), o tradicional minuto de silêncio foi substituído por um
"minuto do barulho", que serviu tanto para lembrar que os mortos viviam
uma fase muito alegre de suas vidas quanto para advertir as autoridades
que a sucessão de falhas que provocou o incêndio não pode mais ocorrer.
As primeiras homenagens foram feitas ainda na madrugada, diante dos
escombros da casa noturna, por familiares e amigos que deixaram flores,
cartazes e fotos no local. Mas foi às 8 horas que quase toda Santa Maria
se mobilizou. Na praça Saldanha Marinho, no centro, cerca de 600
pessoas vestidas de branco, com fotos de filhos, irmãos e amigos
perdidos na tragédia estampadas em suas camisas, puxaram uma salva de
palmas que durou 15 minutos, e não apenas um, como estava programado, e
foi acompanhada por pessoas nas sacadas, janelas e calçadas de diversos
bairros da cidade.
O barulho das palmas foi acompanhado, ao mesmo tempo, pelo som dos
sinos de todas as igrejas e pelas buzinas acionadas pelos motoristas
ininterruptamente. O concentração na praça terminou com todos rezando a
oração do "Pai Nosso". Diante dos hospitais também houve concentrações
de pessoas e aplausos. Um grupo de jovens confeccionou adesivos com o
desenho de um coração em vermelho e colou 239 deles - um para cada
vítima - em espaços próximos à boate.
Pai de Jennefer Ferreira, 22 anos, uma das vítimas da tragédia, e
presidente da AVTSM, o comerciante Adherbal Alves Ferreira, 48 anos,
repetiu diversas vezes que as mobilizações comandadas pela entidade
tentam incentivar as famílias a retomar suas vidas. "Com esse barulho,
fizemos uma homenagem à alegria com que eles viviam", afirmou,
emocionado com a solidariedade que todos receberam. "Toda Santa Maria
nos abraçou".
Além das homenagens do dia, estavam programadas outras duas para o
início da noite. A primeira seria uma passeata denominada "Sair do Luto e
Ir à Luta". A segunda uma missa na Basílica de Nossa Senhora Medianeira
de Todas as Graças. Durante a tarde, três familiares de vítimas do
incêndio que matou 194 pessoas na boate República Cromagnon em Buenos
Aires, em 1994, chegaram a Santa Maria para prestar solidariedade às
famílias das vítimas brasileiras.
A VIDA CONTINUA
VER:
http://profemernogueira.blogspot.com.br/2013/02/balada-caipiradas-tb-baianadas.html