VERMEZINHO DE JACÓ

Chamei-O e logo moveu os infinitos mecanismos que regem a Terra: E-le fez alagar o oriente, ventou no ocidente, congelou os pólos, erupções na terra, queimou no norte... por causa de um verme.
Não foi meus inimigos que me cercavam, nem as trevas que me abafavam... Chamei-O por quê? Alergia.
E mostrou-me a minha petulância e soberba. Com um movimento nos infinitos, a matéria apareceu e, com um golpe... cai! Levaram-me para onde vi um pouquinho do sacrifício, a doença e os acidentados.
Olhei e vi o senhor enfermo, sem rim, com sua filha; vi e perguntei a um andarilho, do por quê ali estava, respondeu-me, com lamentos e tristeza:
- Fui espancado na rua, estou todo dolorido, de baixo a cima, meu peito... Aiii.
Confortei-o:
- Foi atendido, senhor.
- Sim, tomei injeção.
Continuei:
- Então vai melhorar...
- Vou deitar (no chão) aii...
- Isso, fica quietinho, que vai passar... (não o neguei)
Então caminhei, vi e conversei com uma aluna, que me ajudou a salvar um momento do meu mundo; também vi e conversei com o dono do chalé, onde moro, que estava na espera do seu genro, em momento operatório; e aquele jovem acidentado, desnorteado; também vi e conversei com um jovem pai...
E-le, trouxe-me aqui, neste hospital, para mostrar-me que, mesmo doente, não devo derrubar o mundo, que construímos, por mim. Fui ignorante e arrependo-me. D-us foi misericordioso, colocou uma matéria em meu caminho, cai, causei tumulto, bastante tumulto pelo tombo. Aprendi e causei tumulto, movi o meu mundo, mas no fundo da minha finitude, aprendi também: sou um verme, "vermezinho de Jacó".

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AGORA VOCÊ VÊ!