sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Durante a Quinta-Feira Maior e a Sexta-Feira da Paixão, o Judeu Errante aparece onde a morte de Jesus Cristo está sendo comemorada. (...)"

Le Juif Errante

Georges Rouault (1871-1958), "Le Juif Errante", óleo e guache sobre papel colado em tela.

"(...) É um velho alto e magro, muito barbado, cabelo comprido e com um manto escuro. É uma figura mais literária que popular, e as menções vão desaparecendo nas estórias orais. Não lhe dão, no Brasil, outro nome além de "Judeu Errante". Era sapateiro em Jerusalém, chamado Ahasverus, quando Nosso Senhor, com a cruz aos ombros, passou diante de sua tenda. O sapateiro deixou o trabalho para empurrar o Salvador, gritando: "Vai andando! Vai logo!" Nosso Senhor respondeu: "Eu vou e tu ficarás até a minha volta!" E o homem ficou, até hoje, andando pelo mundo, liberto da lei da morte, sem pressa e sem descanso. Espera o regresso do Senhor, que lhe deu a imortal penitência. A tradição nos veio de Portugal.

A lenda apareceu em Constantinopla, no século IV, e apareceu na Europa em 1228, quando um arcebispo da Grande Armênia, visitando a Inglaterra, disse no convento de Saint'Albans conhecer no seu país uma testemunha da paixão de Cristo, o judeu Cartaphilus, porque esmurrara o Salvador, quando esse era arrastado diante dele, e fora condenado a esperar sua volta. A notícia apareceu em 1259, Cartaphilus convertera-se, sendo batizado por Ananias, que também batizara São Paulo.

A estória do monge Paris foi incluída no Flores Historiarum no seu colega Rogésio de Wendower, em 1237, nove anos depois, espalhando-se nos claustros e escolas, depois, pelos sermonários, até o povo que lhe deu as cores de sua compreensão. Outro documento reforçador foi publicado em 1602, uma carta de Chrysostomus Dudulaeus, datada de 29 de junho de 1547, com o testemunho de Paul d"Eitzen, estudante de Wittemberg e discípulo de Melanchton, dizendo ter visto o Judeu Errante, de nome Ahasverus, depois tão citado nos poemas, romances e peças de teatro. Ahasverus não é porteiro de Pilatos, mas sapateiro, empurrando e sendo condenado por ele. Há outra versão ainda, corrente na Itália, onde o chamavam de João Buttadeo, bete-em-Deus, e que passou a ser João Vota-a-Dios. Votadeus, João Espera em Deus, esse último popular em Portugal e Espanha e de fácil encontro nos autos velhos e nos poetas como Antônio Prestes, Rodrigues Lobo, Jorge Ferreira, etc. A bibliografia sobre o Judeu Errante é imensa e seu aproveitamento literário foi, no século XIX, uma verdadeira moda cultural. Estudaram-no, em Portugal. Carolina Michaëlis de Vasconcelos ("O Judeu Errante em Portugal", Revista Lusitana, I, I), Teófilo Braga (As Lendas Cristão, Porto, 1892, 232) e no Brasil, João Ribeiro (O Folclore, XLII, Rio de Janeiro, 1919). Em Flandres o Judeu Errante é Jacques ou Isaac Laquedem, e na França possui ele apenas cinco sous, constantemente renovados e inesgotáveis. "Há vários ditos populares que parecem relacionar-se a esta lenda. Assim é o de marca de Judas, que lembra Malcho Judas ou Marco, um dos nomes do judeu em algumas versões. Também a frase popular, usada para designar lugares remotos, onde Judas perdeu as botas, parece indicar a lenda do sapateiro Ahasverus. Ainda em certas cidades, em Ulm e em Berna, guardam-se monstruosos sapatos que a tradição refere ao Judeu Errante" (João Ribeiro, O Folclore, 308)."

(CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro)

Fonte: http://www.jangadabrasil.com.br/abril32/im32040c.htm

LIMELIGHT - Luzes da ribalta




Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão tentar aos outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações

Charles Chaplin (1889-1977)

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